quarta-feira, 4 de março de 2009

10º dia (23/02) – Parque Nacional Torres del Paine

Acordamos, ou melhor, nos levantamos bem cedo. Depois de tentar desamassar a cara com água gelada, tomamos nosso bom café da manhã e fizemos o check-out. Caminhamos até o mirante do Glaciar (a 10 min. do Refúgio). Aí a gente vai vendo porque é um lugar fantástico... mais uma grande vista: uma pequena baía, com muito gelo desprendido do glaciar e ele, ali, bem em frente, impassível. Do alto do mirante, mais uma vez um vento fortíssimo! Descemos até à margem e ficamos horas sentados nas pedras, observando o balanço dos grandes blocos de gelo. Tudo isso com uma temperatura super agradável: com o sol a pino, devia estar uns 15 graus... Voltamos ao refúgio ao fim da manhã para tomarmos o barco que faria o passeio pela outra frente do glaciar e atravessaria o Lago Grey até a Hosteria Grey, de onde deveríamos pagar um transporte até o nosso carro (Pudeto). O passeio nos surpreendeu positivamente, porque o barco passa bem rente ao glaciar e permite uma vista excepcional. Chegando à hosteria, conhecemos um casal de brasileiros de SP, gente boníssimas! O Euquério e a Adriana nos esperaram pagar o passeio e nos deram uma providencial carona até o Pudeto, nos fazendo economizar algumas horas de espera por van e ônibus. Além de um belo bate-papo, eles ainda passaram de seu destino (um hotel lindo, no meio de uma ilha, no Lago Pehoe) para nos levar até o carro. Valeu, Euquério e Adriana! Estávamos famintos e decidimos, ao invés de pegar a estrada em direção à El Calafate (uns 300 km), voltar à Hosteria Las Torres para comer (e dar carona para mochileiros perdidos). Fomos ao restaurante da Hosteria, que é lindo e tem uma vista belíssima do maciço das Torres. E fomos nós, de volta à Argentina. A fronteira de saída, por Cerro Castilho, é muito engraçada: tem uma cancela no meio da rua, com uma casinha ao lado. Parece que ninguém anda por ali... A passagem, desta vez, foi rápida. Alguns bons kms de rípio, outros mais de bom asfalto, mais muitos de rípio de novo, dessa vez, com uma "divertida" brincadeira de "Não mate os coelhinhos"! A tal da lebre patagônica (uns coelhinos com pernas mais compridas) empesteiam a estrada e, ao ver os faróis do carro, correm para onde aponta o nariz. O problema é que, na maioria das vezes, o nariz aponta para o meio da pista! Foram várias desviadas "com emoção" e uma boa redução na velocidade média da viagem. Outro bicho muito constante nas estradas de rípio é o guanaco (da família da lhama). Eles são meio "descabelados", mas tem uma corrida super elegante. E vimos dois, juntos, saltarem uma cerca ao nos virem, com uma agilidade que faria inveja a muito puro-sangue...Chegamos a El Calafate às 11 da noite. Fomos para o hotel que tínhamos reservado. Paramos para pensar que, desde o começo da viagem, nosso "declínio" em relação a hospedagem era notório: começamos super bem em Bs As, na casa da Patrícia e do Max; depois, um excelente hotel design em Ushaia; seguimos para um hotel 4 estrelas bacaninha em Punta Arenas; em Puerto Natales, encaramos um hostel meio bizarro; um bom albergue em quarto coletivo no La Torres; e, por fim, um refúgio xexelento no Lago Grey!! Mas o de El Calafate, marcaria o fim da nossa viagem! Fomos ao excelente Design Suites. Um hotel maravilhoso, de frente para o Lago Argentino (o maior do país, muitas vezes maior que a cidade de Buenos Aires).

9º dia (22/02) – Parque Nacional Torres del Paine

Hoje a caminhada foi leve: 5h e meia! Saímos de carro do Refúgio Las Torres até o Pudeto, onde tomamos um catamarã para cruzar o Lago Pehoe, até o Refúgio Paine Grande, nosso ponto de partida para a caminhada. De lá, seriam 3,5 horas até o Refúgio Grey, em frente ao Glaciar Grey. Isso para os europeus tarados, que caminham em ritmo de marcha, olhando para o chão. Nós, no esplendor da forma física (destruída pelo dia anterior), e com nossa "câmera nervosa" clicando sem parar, levamos 5h e meia. Novamente, paisagens deslumbrantes. E a caminhada, sem ironia, foi super agradável. Não há tantas pirambeiras e as paradas são sempre em lugares incríveis. No primeiro mirante, pegamos um vento inacreditável! Deu para brincar de voar... ficávamos em pé, inclinando para a frente e o vento nos segurava. Um barato... E rolou uma cena engraçada: um gringo, com uma capa de chuva amarela, dessas bem fuleiras, tentando ficar em pé no mirante para tirar fotos. Corri para aproveitar a cena insólita, de um homem parecendo uma vela, com a chama amarela tremulando acima da cabeça. Depois disso, tivemos nosso primeiro contato com as geleiras: descemos até à margem do Lago Grey, onde havia vários pedaços de gelo, descolados do Glaciar quilômetros à frente. "Pescamos" alguns e nos divertimos. Seguimos no nosso ritmo até chegarmos, no fim da tarde, no que seria a maior roubada da viagem (a única, na verdade) até o momento: o Refúgio Grey. O lugar é lindo; de frente para o Glaciar Grey, com vários "icebergs" boiando no Lago, com um sol lindo. O problema foi o seguinte: a exemplo do que havíamos feito no Las Torres, contratamos o serviço de "cama completa" (e pagamos por isso). Acontece que eles, simplesmente, não têm esse serviço! O que tínhamos (a preço de um hotel razoável em Buenos Aires) era um beliche com colchões xexelentos, num quarto de uns 10m2, com mais outros 3 beliches (8 pessoas!). Para aumentar o grau da roubada, eles apagam a calefação (à lenha) à noite... Dormimos com roupas de neve (e muitas mais por baixo) e, ainda assim, morremos de frio! Sem contar a "serraria" que era um mochileiro que estava no mesmo quarto... Roncava que era uma beleza (dava inveja, porque, roncando daquele jeito, devia estar tendo uma ótima noite de sono, ao contrário de nós!). Mas, vamos às partes (muito) boas: o fim de tarde foi incrível! Tomei uma cerveja memorável à beira do Lago Grey, e, depois, tivemos um jantar delicioso, em excelente companhia: gringos da Austrália e do Canadá, além do Franco, um médico brasileiro de Joinville. Mas, infelizmente, mesmo a garrafa de vinho "derrubada" não foi capaz de garantir uma boa noite de sono...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

8º dia (21/02) – Parque Nacional Torres del Paine

Hoje a Ingrid quer falar: "1º (e talvez último...) dia de caminhada em Torres del Paine: Foooooooda!!! Natália e Nanda: vocês tinham razão...programa de índio!!!". Mas sério agora: sabíamos que ia ser pesado, mas nem tanto! Que pedreira! Ao todo, foram 8h e 29 min. de trilha, sendo umas 7h efetivamente caminhando! E cada pirambeira... Passávamos horas subindo e horas descendo. Sem falar nos tira-e-põe de casaco; o tempo virava o tempo todo. Certamente, uma das coisas mais cansativas que já fizemos na vida... A parte boa: o lugar é maravilhoso; a cada curva, um visual mais bonito que o outro. Saímos de Puerto Natales às 8h da manhã e às 11h entramos na trilha. 2h de subida do Refúgio Las Torres até o Refúgio Chileno. Com vento contra (vento não: vendaval!). Parada pra um descanso e pão seco (Ingrid já MUITO cansada) e trilha de novo. Subimos mais umas 2 horas até a pirambeira final: uma subida íngreme, em terreno pedregoso. Começamos a subir; depois de quase uma hora, a Ingrid estava morta... Aí, ela dizia: "estamos a 45 minutos da base das torres! Não vamos parar..."; só que, na verdade, tinha TODO o caminho de volta e esses 45 significariam 90 (ida e volta). Ela não agüentou...decidimos que seria demais. Só voltar já seria demais... E voltamos. Quando chegamos no Chileno, ela não estava se sentindo bem. No refúgio, eles só servem comida em 2 horários e para quem reservou antes. Depois de uma negociação bizarra, consegui comprar um saquinho de sopa instantânea e o direito de usar a cozinha! Lá fui eu para a cozinha preparar a sopa instantânea, que junto com o pão seco que compramos na ida, transformou-se numa sopa inacreditavelmente gostosa e salvadora!!! Energias repostas, seguimos de volta para o Refúgio Las Torres. 8 horas e 29 minutos depois da saída empolgada, o retorno. É só ver a foto para constatar o estado da Ingrid... hehehe. O Refúgio Las Torres é como um albergue, com beliches (4 por quarto) e banheiro coletivo. Contratamos o serviço de "cama completa", com lençóis, travesseiros, etc (a maioria do povo usa saco de dormir sobre a cama). Jantamos e dormimos super bem. A estrutura é ótima, mas bem mochileiro. O check-out, por exemplo, é às 9 da matina! Mas aí, já estou entrando no post do dia seguinte...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

7º dia (20/02) – Punta Arenas – Puerto Natales

Adeus Punta Arenas!! Pegamos a estrada no fim da manhã para Puerto Natales; são uns 250 km de estrada impecável e bem sinalizada. Na entrada da cidade tem um monumento de um bicho que parece um urso com cara de cavalo. É o Milodón, um urso pré-histórico, que é o símbolo da cidade porque encontraram uma ossada aqui perto. A cidade é movimentada, lotada de mochileiros. Ficamos num hostal bem simples, já que Puerto Natales é só um ponto de passagem até o Parque Nacional de Torres Del Paine, nosso destino de amanhã. Na nossa "volta de reconhecimento" achamos um hotel design maneiríssimo: Índigo; o lugar é incrível e tem uma vista linda do lago com os Andes ao fundo. Como não nos hospedamos lá, decidimos jantar para conhecer um pouco. O restaurante se chama Mamá Rosa e é transadíssimo. Comemos super bem. Agora, é dormir cedo para encarar o dia mais pesado de caminhada!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

6º dia - Punta Arenas

Bem descansados (a ponto de perdermos o café-da-manhã), saímos para uma "volta de reconhecimento". Passeamos pela Plaza de las Armas, onde tem uma feirinha de artesanato e bugingangas; compramos gorros mais quentes (um frio danado!) e trocamos "plata". Decidimos ir ao Forte Bulnes, bem ao sul do continente americano, a 60 km de Punta Arenas. O lugar é bem interessante: lembra um forte apache, daqueles todo de madeira; bem diferente do que estamos acostumados a ver na Europa ou mesmo no Brasil. Saímos vasculhando e achamos uma trilha por onde se desce até o mar e, circundando a área alta do forte, chega-se a um lugar lindo, na pontinha da América, chamado Punta Santana. É o fim da América! Na volta, ainda achei um "nigucim" para fazer: um barquinho à venda, que faria o maior sucesso no lago... hehehehe. Almoçamos (ou melhor, quase jantamos!) num resto bar chamado Jekus (flexa de pedra). E depois de uma longa hibernação (da Ingrid), saímos para jantar num café ao lado do hotel. Agora, é só descansar para partir para Puerto Natales!




































































quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

5º dia (18/02) - Estrada Ushuaia - Punta Arenas

Programávamos sair cedo (tipo 9h) de Ushuaia, de carro, para Punta Arenas (Chile); mas, como estamos de férias (e pegamos um cara gente boa, mas "meio" lerdo, na Hertz)... saímos às 11:30h! A estrada é linda! Paramos na prefeitura do Lago Fagnano (uns 1oo km de Ushuaia), para tirar uma fotos. Seguimos viagem e, por puro impulso, entramos num lugar chamado Hosteria Kaiken, também à margem do Lago Fagnano . MARAVILHOSO! Vista de cinema! Tão lindo que decidimos parar para almoçar. A comida estava incrível; foi duro pegar a estrada de novo... Seguimos caminho passando por Rio Grande, uma cidade meio estranha. É tudo meio espalhado e ermo, mas, ao mesmo tempo, dá para pecerber que é uma cidade viva... Chegamos à fronteira e... filas e filas para sair da Argentina. Depois de 40 minutos e uma revista bem xing ling, seguimos. Mais alguns quilômetros e... fila de novo! Para entrar no Chile (justiça seja feita, muito mais rápida). Uma coisa curiosa que percebemos é que o território argentino é descontínuo! Para sair da Argentina e chegar, por exemplo, à Ushuaia (também Argentina), só por mar ou passando pelo Chile... Quando saímos da Argentina, pensei "os chilenos deviam ter vergonha..." porque quando se sai da Argentina, acaba o asfalto; entramos na estrada de ripio (parece um cascalho... é como se fosse a primeira etapa de preparação de asfalto). Foram uns 180 km meio tensos, porque o carro fica meio bobo, solto. É divertido no começo, mas, quando você começa a querer acelerar, percebe que não dá para relaxar um só minuto. Quando entramos novamente no asfalto, a redenção chilena! Um asfalto impecável, cinza, bem sinalizado, perfeito! Impressionante... Chegamos às 21:00h à Bahia Azul, onde se cruza, de balsa, o Estreito de Magalhães, deixando a grande ilha da Terra do Fogo, em direção ao continente. Uma experiência: passar protetor solar às 20:30h! Fiquei por horas dirigindo com sol à minha esquerda e, às 20:30h, lá estava eu reforçando o protetor solar! A balsa para atravessar o Estreito de Magalhães é incrível: super moderna, enorme e rápida (leva uns 20 minutos), embora pegue uma corrente forte e balance um bocado... Decidimos esticar direto à Punta Arenas, ao invés de parar em Punta Delgada (como planejado inicialmente). Foi meio cansativo, mas, com o tapete chileno ajudando, chegamos às 23:30h em Punta Arenas! Mortos de cansados, arrumamos um ótimo hotel com o sugetivo nome de Finis Terrae, onde comemos e tivemos uma ótima e merecida noite de descanso.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

4º dia (17/02): Ushaia - Isla Martillo (La Pinguinera)

Pinguins, MUITOS pinguins!!! O programa de hoje foi ver os famosos pinguins! Recebemos a dica de NÃO fazer o passeio que se vai de barco até a pinguinera, porque nesse não se desce na ilha e se gasta mais tempo... Excelente dica! Fomos de van até a Estância Harberton e, de lá, de barco até a Ilha Martillo, onde há uma grande colônia de Pinguins. No caminho, fomos parando em lugares bacanas, conhecendo um pouco mais do Terra do Fogo. Vimos árvores deformadas pelo vento, o Porto Willians, localidade um pouco mais ao sul do que Ushuaia (mas que não é uma cidade, o que ratifica o título de cidade mais austral do mundo para Ushuaia), etc. A Estância era uma grande propriedade dedicada à criação de gado e ovelha, mas que hoje vive do turismo. De lá até a ilha são 10 minutos, numas lanchas bem rápida. A ilha é um barato! Ô bicho engraçado é o tal do pinguim! A colônia é enorme e a gente chega a ficar a 1 metro deles. A recomendação é "andar despacito e hablar bajito" para mantê-los tranquilos. Na volta, passamos numa castoreira, lugar onde os castores fazem suas casas. Os castores foram trazidos do Canadá e viraram um problema ecológico, porque não têm predadores e a idéia incial, de que seriam usados para exploração da pele,
não vingou. Eles têm o hábito de fazer represas para inundar a área em que
vivem e fazer suas tocas no meio da área inundada! Incrível! Aí, as árvores não absorvem a quantidade de água e acabam morrendo...Pra fechar o dia, e também nossa passagem pelo "fim do mundo", provamos a famosa "centolla", um caranguejo gigante - típico aqui da região - no restaurante "Cantina Fueguina de Freddy". A comida estava fantástica...fechamos com chave de ouro! E amanhã, caímos na estrada!